São Paulo – Uma pesquisa realizada na Faculdade de Educação (FE) da
USP constatou que, apesar do crescimento do uso da internet pelos
jovens, a educação pública não acompanhou esta evolução. “Com tantas
mudanças no mundo, o currículo das escolas não se alterou”, revela a
professora Juliana Santos Albach, autora do estudo. Ela entrevistou
cerca de 25 alunos do último ano do ensino fundamental de uma escola em
São Paulo para chegar às conclusões do trabalho.
Todos os estudantes analisados contaram que usam a internet
corriqueiramente em suas vidas. Os professores conhecem esse fato, mas
o currículo das escolas não atenta para isso: as tarefas não têm
orientação para a pesquisa na rede. A instituição de ensino não se
prepara para propor ou receber trabalhos utilizando essa ferramenta.
O uso da internet para auxiliar em pesquisas para a escola é unânime
entre os alunos entrevistados. Existe, porém, uma visão geral entre
eles de que os trabalhos não são aproveitados. “Eles acham que estes
trabalhos vão para o lixo”, conta Juliana. Por falta de orientação e
retorno, as tarefas escolares acabam ficando sem significado.
Os alunos contaram que não existe problematização do tema dentro da
sala de aula. “Ninguém discute o assunto”, conta a pesquisadora. “O
currículo escolar é estático”, ressalta. A pesquisa, intitulada Os usos
que os jovens fazem da internet: relações com a escola, procurou
exatamente tornar a questão pauta do debate acadêmico, embora não dê
proposições para uma possível reforma do currículo. Ela foi orientada
na dissertação de mestrado pelo professor Jaime Francisco Parreira
Cordeiro.
Recomendações
Alguns estudantes revelaram que a Wikipédia chega a ser recomendada
por alguns professores como fonte de pesquisa. Isso demonstra que as
possibilidades da internet não foram totalmente compreendidas, visto
que a ideia de se pesquisar em uma enciclopédia, como se fazia antes do
advento dessa ferramenta, ainda é utilizada. Essa forma de pesquisa é
apenas uma reconstrução do mesmo método usado há muito tempo em outra
plataforma.
Aparentemente, ao menos na fala dos alunos, há uma falta de
orientações e recomendações para a execução dos trabalhos requeridos,
fazendo com que os alunos criem critérios próprios para fazer trabalhos
usando a internet. Ações como checagem de informações em mais de um
site e procura por termos bem específicos em sites de busca apareceram
nas falas dos alunos como formas de tornar as pesquisas mais precisas.
“Essas maneiras de pesquisa parecem não ser aprendidas formalmente”,
constata, porém, a professora. “Pelo que percebi, os critérios parecem
ser intuitivos”, complementa. Após o uso constante da ferramenta, os
estudantes, por conta própria, aprendem uma forma de pesquisa que
parece ser mais segura. Existe uma aula de informática onde esse tipo
de competência deveria ser abordada, mas, no âmbito da investigação não
se pode perceber se esta aula contribui para a aprendizagem dos
procedimentos que os alunos utilizam.
De acordo com as entrevistas, o que é cobrado pelos professores é
que os trabalhos não sejam simplesmente copiados de sites. Os alunos
têm de parafrasear, juntar ou resumir as informações obtidas, porém sem
orientação específica para isso. Para Juliana, essas questões trazem
problemas e “o currículo escolar precisa se remodelar”. O objetivo da
pesquisadora é, em uma tese de doutorado futura, discutir o tema sob o
ponto de vista dos professores.
31 de outubro de 2012 às 8:45 | Por Cheyenne Cavalcanti
Fonte: exame.abril.com.br
Acessado em: 31/10/2012 as 09:57
Disponível em: http://www.monqi.com.br/blog/curriculo-escolar-deve-levar-em-conta-uso-da-internet/
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